Um mineiro de 56 anos, que hoje mora nos Estados Unidos, venceu um processo por discriminação racial e deve ser indenizado em US$ 2 milhões (5,6 milhões em reais). A ação, de 2011, resultou no valor para ele e mais outros seis colegas de trabalho.
André de Oliveira mora no estado do Colorado desde 1993, ano em que deixou a capital federal brasileira para tentar se tornar mestre de taekwondo em terras americanas após ser pentacampeão brasileiro. Conseguiu e abriu uma academia da modalidade em 2005, principal fonte de renda dele.
Desde 2006, André complementa o dinheiro do mês na Matheson Trucking, empresa de caminhões e aviões que presta serviços para o "U. S Postal Service", os correios norte-americanos.
Segundo o mineiro criado em Brasília, os dois primeiros anos na empresa foram tranquilos. "Em 2008, contrataram uma gerente que nem cumprimentava os funcionários negros", recordou. "Os colegas brancos perceberam que tinham a preferência dela. Começaram a chamar os africanos de" pretos folgados "e a todos nós de 'nigger' (termo ofensivo utilizado para xingar negros em inglês)", disse.
A situação piorou e uma espécie de apartheid se desenhou dentro da empresa: brancos de um lado, negros de outro. Estes com o triplo de trabalho que aqueles. Após três anos, ele e outros seis colegas — quatro africanos e dois norte-americanos (um negro e um branco) — decidiram apelar para a Justiça. "Fizemos isso depois que começaram a mudar nossos horários de trabalho, sabendo que a maioria tinha empregos por fora, para nos tirar de lá", afirmou.
Na semana passada, o júri de Denver, capital do Colorado, deu a André um final feliz. Ele e os outros seis colegas devem receber uma verba indenizatória milionária por conta dos anos de sofrimento. Ele disse não saber o que pretende fazer com o dinheiro, até porque ainda não sabe se vai ter essa quantia, mas quer ajudar as filhas brasilienses. "Quero dar a elas uma vida digna", disse.
Por Guilherme Pera - Correio brasiliense
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