O que acha de ter os seus maiores
segredos, aqueles que você não contaria para ninguém nem em sonho, revelados
anonimamente na internet? Basicamente é esse o objetivo do Secret (‘segredo’ em
português), o aplicativo que está tirando o sono de muita gente.
Como
o Secret funciona
O aplicativo, ou simplesmente app,
permite compartilhar com os amigos qualquer tipo de informação de forma
anônima. Após instalá-lo no smartphone, o usuário
se cadastra a partir do número de celular ou conta do Facebook, e já pode
publicar mensagens ou imagens. Também é permitido curtir ou comentar uma
publicação sem ser identificado. É possível até destacar um segredo com uma
estrela, deixando-o em evidência.
O Secret, que está disponível
para plataformas iOS e Android, foi criado no início deste ano pelos norte-americanos David Byttow e Chrys Bader,
ex-funcionários do Google. Sem identificar o usuário que fez a publicação, os segredos
são compartilhados com os amigos e amigos de amigos. Apenas a empresa tem
acesso aos registros que permitem identificar o autor de uma postagem.
Críticas
ao aplicativo
A justificativa dos criadores do
app é que o anonimato concedido por ele poderia trazer mudanças positivas para
o mundo. Mas o problema é que o Secret tem gerado dor de cabeça para algumas
pessoas, ao permitir o compartilhamento de frases e fotos sem que a identidade do autor seja revelada. Há a postagem de
piadas, desabafos e até revelações confidenciais.
App
está com os dias contados no Brasil
Por permitir a disseminação de
boatos, o Secret e o similar Cryptic (versão não oficial) correm o risco de
ficarem indisponível no Brasil. No dia 19 de agosto, a justiça determinou que a
Apple e o Google retirem o app de suas lojas online de aplicativos, e a
Microsoft a retirar o app Cryptic. A ordem partiu do juiz Paulo Cesar de
Carvalho, da 5ª Vara Cível de Vitória, no Espírito Santo, que concedeu uma
liminar ao promotor Marcelo Zenkner, do Ministério Público do mesmo estado.
Além de retirar das
lojas oficiais, as empresas também terão que remover dos smartphones de
brasileiros nos quais eles já tenham sido instalados. Isso deve,
obrigatoriamente, ocorrer dentro de dez dias (após a notificação), sob pena de
multa de R$ 20.000 ao dia. Como não é possível remover o aplicativo apenas no
Espírito Santo, ele deve valer para o país inteiro. Nem tudo está perdido,
tanto a Apple, o Google e a Microsoft podem recorrer da decisão.
Perigos do anonimato
A
ação civil cita reportagens em que brasileiros alegam terem sofrido
constrangimentos com postagens feitas no aplicativo. Entre eles, aparece um
jovem 25 anos que diz ter sido alvo de quatro publicações no Secret. Além de
conter fotos, os posts diziam que era ele portador do vírus HIV e que
participava de orgias com seus amigos. Para o promotor Zenkner, o aplicativo
possibilita a prática de “bullying virtual”, e o pior é que o anonimato
oferecido por ele não permite identificar o autor da postagem para que ele
responda pelo ato.
O Ministério Público Estadual entende que o aplicativo
viola "a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas".
O magistrado baseou-se no artigo 5º da Constituição Federal Brasileira, que
determina ser “livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato”,
ou seja, todo mundo é livre para se expressar, desde que ‘dê a cara a tapa’.
Acusação
contra o direito do consumidor
O Secret também é acusado de ferir o Código de Defesa
do Consumidor por não disponibilizar seus Termos de Uso e de Privacidade em
português. A lei declara que “a oferta e apresentação de produtos ou serviços
devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua
portuguesa sobre suas características”.
Se o Secret expõe pessoas de forma inapropriada,
gerando constrangimentos e desconforto, e ainda fere a Constituição Federal
Brasileira, que proíbe que o indivíduo se expresse de forma anônima, a
utilização do app por aqui deve ser questionada.
Matéria de Priscila Machado
MTB 18861
Jornalista do Grupo MaisVip em Foco de Comunicação e Entretenimento
Ipatinga - MG
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